Estamos entregue aos animais?
Era uma vez um País que habitava o ramo mais ocidental da Europa. Dominou o Mundo, as suas terras, os seus mares. Colonizou os 4 cantos do Mundo.
Fomos conhecidos por ter feito uma revolução sem um único disparo, já possuímos um dos melhores Serviços Nacionais de Saúde do Mundo, já tivemos propinas a valores simbólicos, mas isso parece ser cada vez mais história de um livro qualquer que dão agora no apoio à telescola.
E o que nos resta? Bem, resta-nos um País com uma das áreas costeiras maiores do Mundo, com um valor incalculável, com um dos climas mais propícios ao desenvolvimento das mais diversas espécies, seja ao nível de fauna e flora, e ao turismo. Sabemos servir bem, acolher bem, dominamos o inglês de praia melhor que ninguém (que o diga o Zezé camarinha), o portunhol, ou o “avecês” (e até nisto temos talento a saber troçar de quem muitas vezes nos mete de joelhos quando visitamos o seu País).
Não, fazer de Zé Povinho, colocar as mãos nos bolsos, suspirar ainda mais que os estóicos suspiram, aceitar o Fado que cantam os Lusíadas e rezar uma avé Maria em busca de um milagre não pode ser solução nem ninguém o poderá aceitar.
Portugal já foi o maior dos maiores, já foi apenas um sítio neutro nos filmes de Hollywood e passava pelos pingos da chuva (quem não?), mas agora bate os maiores recordes, os recordes negativos...
Segundo um estudo recente o Botswana atingiu níveis de crescimento, democracia e corrupção ao nível de Portugal, sim ouviram bem, de Portugal
Somos empáticos, sabemos desenrascar-nos, somos polivalentes, somos poliglotas. Contudo, cada vez menos dominamos as bases de uma ferramenta útil - a língua da verdade. Não é curioso que criamos as línguas de gato, fabricamos as línguas de veado, desenvolvemos as línguas da sogra, mas esta língua sem dúvida que está fora do menu…
Criticamos o socialismo, aquele conceito aterrador que devemos dividir o dinheiro equitativamente por todos, criticamos os Robin Hoods que querem tirar dos ricos para dar aos pobres, mas quem rouba a todos já é crescimento económico!
Mas pior que isto é mesmo quem acha que ser ladrão e cavalheiro/a é a virtude de cidadão em terras lusitanas.
Para vos dar um exemplo, recentemente, foi noticiado (e comprovado) que alguns de nós distribuía vacinas aos amigos, como quem distribuiu o arroz doce ou o bolo de laranja em tupperwares para os vizinhos. Assume-se como erro, mas quem erra muitas vezes e para o mesmo lado, pode ficar surpreendido quando descobrir que tudo pode ser um padrão. A Sra. Ana Rita Cavaco chamou a isto "fura filas, fina flor do entulho". Provavelmente faltou uma boa quantidade de chá de camomila e cidreira à bastonária, mas faltaram ainda mais memofantes a quem está no poder…
Vergílio Ferreira escrevia que a verdade é um erro à espera de vez
Mas eu diria melhor, num mundo cheio de mentiras universais, e lugares comuns, dizer a verdade até parece ser revolucionário…
Por isso me pergunto – Estaremos entregues aos animais? Seria um insulto dizê-lo. Que venha o Capitão Iglo e que nos salve disto tudo
Autor: António Lopez